Cartas de um ser sem luz
(Esse blog será sempre atualizado com novas cartas de um ser sem luz)
"Faz tanto tempo que não ouço ninguém chamar meu nome, será que lembram de mim ? É triste saber que fui tão esquecido assim, só queria morrer mas infelizmente não posso. Eu só queria dizer que... O que era que eu queria mesmo ? A deixa pra lá, já não importa mais."
"Apesar de manter a sanidade sinto que o esquecimento me cerca, não há como escapar !"
"Meu coração está pela boca, me sinto horrível, meu sangue quase predado, mal consigo me mover. Apesar do sofrimento a morte não me vem, estou à sua espera".
" Quando vejo um ser humano feliz em meio ao seu povo, me sinto angustiado, não sei dizer o porquê, às vezes acho que o meu corpo deseja isso... Quero que meu corpo arda nas chamas do inferno, e que minha alma já despedaçada descanse eternamente em um lugar de esquecimento ".
" É difícil diferenciar as coisas que eu quero ter para as coisas que eu gostaria de ter. Não é porque eu gosto que eu quero... Por quê não posso simplesmente querer as coisas que gosto ? Não é porque quero que posso ter, que consigo ter, que quero destruir o resto da minha alma para ter... Tem coisas que eu não queria gostar, pelo simples fato de que elas me destroem, por isso não quero. Pois, se eu perder mais uma parte de mim, nada mais restará!".
" Não escrevo na esperança de que alguém leia, já que ninguém lerá. Escrevo apenas pra registar, porque se eu partir continuarei fazendo parte desse mundo, mesmo que eu não viva mais em memórias. Escrevo pois, sei que um dia, posso voltar a ler o que eu mesmo escrevi".
"Da janela do lugar onde eu me via presente, eu podia ver, em um outro lugar distância, uma ave, e em sua janela haviam outras aves que tentavam entrar onde ela estava, mas ela não ouvia. Mas ela me via e eu via a ela, ela parecia ter criado aptidão por mim, não sei o porquê, é estranho.
Eu não sentia nada por ela, apenas a observava, eu já não podia sentir mais nada, aquela ave estava a perder seu tempo. Talvez isso sejam memórias, memórias de alguém que pedera seu tempo comigo.
Em um piscar de olhos não pude ver mais nada, aquilo parecia mais distante de mim. Mas quem na verdade se afastou ? Parece até que sou culpado por tudo... Enfim, mais uma vida foi tirada dos meus laços, nada posso fazer se eles são tão frágeis "
" Não lembro de ninguém mais, pois ninguém nunca faz questão de lembrar de mim. Triste adormeço, triste durmo, triste acordo, e triste levanto-me. Olho pela janela, sei que não há ninguém, mas ainda tenho expectativa, expectativa de que nada um dia não seja nada. Que sonhador imbecil".
"Me pergunto se um dia poderei me sentir melhor comigo mesmo, não me sinto humano, apesar de ter vivido com eles por muito tempo, também não me sinto um residente, apesar de ter entrado na vida de alguns. Na verdade me sinto a própria solidão, sinto como se eu fosse apenas isso, um ser dentro de algum lugar, esquecido para sempre".
"Pouco a pouco esse lugar vai enchendo, me pergunto quando ele me cobrirá e se nesse dia a morte vem junto. Essa água que vem, não sei de onde vem, apenas sei que ela me faz lembrar de quando eu chorava, talvez sejam lágrimas de dentro do meu coração ".
"Até onde minha sinceridade me levou, sentimentos tão puros em um lugar cheio de nojeiras, talvez eu prefira estar aqui".
"Antes eu pensava que tudo significava alguma coisa, aaa que iludido. Pensava que existia sentimentos em tudo, pensava que o ato definia ou dizia alguma coisa... Existem coisas que simplesmente não significam nada, por maior que ela seja, ela não passa de nada."
" Elas invadiram minha casa não sei como, mas permiti que entrassem. Falei com elas mas elas não me respondiam, pareciam distantes. As toquei mas nada faziam. As olhava e elas me olhavam de volta, talvez eu só estivesse na frente. Elas invadiram minha casa, não falaram comigo, comeram e beberam, foram embora da minha vida sem mover mais nada dentro."
"Talvez antes de morrer eu chegue a algum lugar. Era nisso que eu acreditava, por isso continuava e me dedicava. Um dia eu morri, e não me vi chegando a lugar nenhum, apenas me via sendo levado por outras pessoas. Em um sonho que tive, eu sonhei isso".
"Casas, existem duas casas e no meio existe o lugar onde estou. Elas voam, brilham, recebem visitantes, são cuidadas e nunca estão vazias. Vê-las assim me trás uma ira seguida de uma enorme dor, me trás um sofrimento de solidão incontrolável. Eu tento lutar contra isso mas de nada adianta. Eu tento apenas ficar contente por isso mas de nada adianta. Eu tento aceitar mas de nada adiante.
Os tapetes estão brilhando pois nunca mais foram pisados e até o vento desvia. Nesses momentos um terremoto invade tudo, mas nada sai do lugar. Nesses momentos que sempre sempre se repetem sinto asas saindo de mim como se eu fosse pra longe daqui.
Sento-me, respiro, pego um papel e começo a escrever minhas cartas, e é escrevendo elas que reconheço de que com nada preciso me preocupar pois logo as coisas serão o que devem ser, estou pronto para aceitar qualquer destino que seja".
" O que estou fazendo aqui nesse chão quente... não tem nenhuma bebida para poder-me me afogar na embriaguez e tristeza... eu estava chorando, quebrei umas coisas, não importa. Estou a falar sozinho... de novo.
Não estou mais com raiva, apenas triste e sozinho, que lamentável. Vou arrumar tudo, permita -me apenas... me matar mais um pouco".
" Mais cedo eu estava bem, deitei-me na cadeira de balanço e balancei, para lá e para cá. Eu estava bem, não feliz, não alegre, apenas me acostumando com essa solidão maléfica.
Sabe, tudo está girando e girando eu já não consigo aguentar em pé, me vem uma sensação de perda, de derrota. Eu screvo estas cartas. Já não me importo com a maioria das coisas que me importava antes, isso é mal."
"Paralá, às vezes me sento no chão e fico cantarolando coisas sem sentido, é um grande tédio, não acontece mais nada, até sinto falta das minhas dores."
"Maldição... Minha dor está tomando forma, quanto mais eu a supero, mais ela vivesse, tomando a forma de um boneco esquisito de boca que vai de orelha à orelha. É medonho, mas me sinto com coragem para encarar."
" Aquela água parou de subir!!"
"Faz tempo que não escrevo, sinto muito, não foi minha culpa, a água subiu até o teto em um piscar olhos, eu estava acordado e nem percebi, foi do nada. Fiquei sem ar e não pudia respirar, engolia água e meus pulmões fediam a sal, e me sufocava e entrava pelos meus olhos, parecia estar em um oceano escuro sentindo uma pressão que partiria meus ossos. Eu não morria eu não morria mas sentia e sentia aquela angústia."
"Tira de mim essa condenação"
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